O Conceito de Wilderness Medicine
O termo, traduzido ao pé da letra, seria algo como
Medicina da Vida Selvagem. Os termos em português que tem se popularizado são Medicina
de Aventura e Medicina de Áreas Remotas. O segundo insere o conceito que define
a aplicabilidade destas práticas, que tem intima relação com o “Tempo”, mais do
que a distância. Paradoxalmente, podemos estar em um grande centro urbano, porém numa Área Remota. Explico.
O que fazer com um dupla de escalada que fratura uma
perna, numa tarde fria de inverno na serra catarinense? Como ajudar uma pessoa
que escorrega e bate com a cabeça numa pedra, na praia do aventureiro, Ilha
Grande? Como salvar um excursionista britânico que reage com anafilaxia à uma
picada de abelha, no meio da Trilha do Ouro, Serra da Bocaina? É possível contribuir
de alguma forma com um taxista com sintomas de infarto, no meio de um
engarrafamento de 50km na linha vermelha, Rio de Janeiro, quando o resgate aéreo
está indisponível pelo mau tempo?
Para a aplicação destas práticas de saúde, relaciona-se
a carência de recursos médicos com o tempo para se alcançar um serviço médico
capaz de estabilizar a emergência médica em questão. Algumas entidades internacionais
que lançam os protocolos, definem como uma demora de duas horas
ou mais, para se alcançar o centro médico. Assim, notamos como é plausível encontrar
tal situação, mesmo em um centro urbano brasileiro.
Os protocolos de Medicina de Áreas Remotas tentam,
ainda, dosar o uso racional de resgates e evacuações emergenciais, equacionando
os recursos disponíveis, as situações e os riscos e benefícios envolvidos numa
operação de resgate. Logo de início, nota-se que as tomadas de decisão não são
fáceis.
Os grupos mais beneficiados com estes conhecimentos
serão as pessoas que se expõem ao ambiente natural, afastados de centros
urbanos e serviços médicos. Os conhecimentos auxiliam a manter estável uma
eventual vítima de trauma ou emergência clínica, até que se tenha o resgate.
Velejadores, esquiadores, escaladores, excursionistas, militares em operações, bombeiros e resgatistas profissionais, viajantes, atletas diversos... Qualquer pessoa que viage para aquele paraíso
ecológico ou ilha tropical retirada pode se beneficiar.
Em países com o mercado de turismo ecológico já desenvolvido, o conhecimento é bem disseminado e as vezes exigido, contando
até, com equipes profissionais de resgate wilderness
e conteúdo incluído no currículo de guias profissionais. Dado o grande
potencial ainda inexplorado do turismo ecológico brasileiro, que ainda
engatinha se comparado aos EUA, percebemos que o assunto é pertinente, também,
por aqui.
Algumas iniciativas locais começam a semear o
conhecimento Wilderness no Brasil.
ABMAR, WMA-Brasil e outros já oferecem cursos nível básico, para leigos, até
simpósios e cursos médicos. Desfrute sua curtição “remota” com mais segurança. Informe-se,
aprenda, estimule. Não há regulamentação que exija tal expertise dos profissionais
do ramo, mas você estará bem mais seguro com quem treina para lidar com
situações extremas.
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